A metafunção representacional ocorre pela relação entre participantes, podendo ser: de ação, reacional, verbal e mental, de conversão e de simbolismo geométrico. A representação interpessoal/interativa ocorre na relação entre imagem e observador e pelos processos de contato, distância social, perspectiva e modalidade. Já na metafunção textual ou composicional, a relação ocorre entre os elementos da imagem e pelos processos de valor informacional, enquadramento e saliência (BRITO; PIMENTA, 2006).
A expansão das categorias de definição do código verbal realizada por Kress e Van Leewen (2006) para a análise do código semiótico da imagem, posteriormente foram ampliadas por Lim-Fei e Tan (2017), desdobrando-se em propriedades de composição dos textos multimodais, que são: o envolvimento; a mensagem e a forma. O envolvimento diz respeito às estratégias convencionais para atrair um público, envolve as características de proeminência, com a disposição dos constituintes em primeiro plano, nitidez, contraste de cor etc. Já no plano de composição da mensagem se trata acerca de analisar: “o que” é representado, isto é, no plano representacional da mensagem há significado literal/ou inferencial; “o como é” representado, se por meio do apelo ao poder/ethos, à razão/logos, ou à emoção/páthos. No plano de composição da forma há os recursos integrantes, que compõem a organização visual, com modos de exibição, foco, ícone etc. ;bem como a organização linguística (título, marca, texto principal, nome do produto etc.).
Com as ferramentas analíticas propostas por Kress e Van Leewen (2006),
os autores ressaltam o fato de que existem outras formas de produção de
significados, que não apenas o verbal, ademais, propuseram, a partir da Teoria
Sistêmico-Funcional de Halliday, analisar a linguagem visual, que também segue
a propósitos comunicativos e que integra mais de um código semiótico em sua composição.
Na perspectiva dos autores, a imagem não é apenas uma representação do mundo, é
um modo de construção que almeja interagir com o mundo, e essa interação ocorre
pela relação entre participantes, em processos narrativos e conceituais; pela
relação entre participantes representados e observador; e pela relação entre os
constituintes da imagem. A proposta da GDV expande o enfoque, que antes era
restrito somente ao verbal, amplia-se para o plano visual, além disso, insere
os processos de interação na produção de sentidos, seja nas relações construídas
no texto, pelo produtor, até chegar ao observador e seus efeitos. Em Kress e Van
Leewen (2006) ocorre a descrição do modo como os recursos semióticos se constituem em potenciais que dão ao texto
multimodal a lógica para a sua interpretação, além da sistematização de
conceitos para a descrição dos textos multimodais.
Tal perspectiva em paralelo com a ampliação das categorias de composição
e análise de textos multimodais proposta por Lim-Fei e Tan (2017), faz percebermos
que os autores expandem a perspectiva de Kress e Van Leewen (2006), quando apresentam
modos de visualizar/analisar os recursos explícitos e as estratégias em um
texto visual a partir de uma metalinguagem para descrevê-los e visualizar seus
efeitos e finalidades em envolver o outro/participante da interação. As três metafunções
que propõe a GDV são ampliadas por Lim-Fei e Tan (2017), quando o plano do representacional
é ampliado para visualizarmos que os textos visuais são interativos, pois
demandam que o outro se envolva com a produção, a partir de uma maior ou menor proeminência,
pelo ângulo, direção do olhar, pela forma como os constituintes são distribuídos,
em exibição principal, com nome da marca do produto, texto principal; são modos
de composição multimodal que funcional para envolver o participante da
interação. Além disso, há o “porquê” das representações, isto é, ocorre a
integração dos diferentes códigos e recursos semióticos para que os
significados do texto multimodal sejam construídos e atendam a seus propósitos comunicativos.
Depreendemos que ambas a propostas são
complementares e formam uma sustentação para compreender produtivamente os
textos multimodais e fomentar o letramento visual.
Referências
BRITO,
R. C. L.; PIMENTA, S. M. de O. A gramática do design visual. In: LIMA,
C. H. P.; PIMENTA, S.M. de O.; AZEVEDO, A. M. T. de (org.). Incursões
semióticas: teoria e prática de Gramática Sistêmico-Funcional, Multimodalidade,
Semiótica Social e Análise Crítica do Discurso. Rio de Janeiro:Livre Expressão,
2009. p. 87-117.
KRESS, G.; VAN
LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. 5th. ed.
London; New York:Routledge, 2006.
Lim-Fei,
V. & Tan, K.Y.S. (2017, in press). Multimodal Translational Research:
Teaching Visual Texts. In Seizov, O. & Wildfeuer, J. (eds.). New studies in
multimodality: Conceptual and methodological elaborations. London/New York:
Bloomsbury.
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